Em 15-01-2024, o filósofo Giorgio Agamben publicou um texto com o título “Les années 30 sont devant nous” cujo parágrafo final é o seguinte:
“Tout indique que nous entrons — au moins dans les sociétés post-industrielles occidentales — dans la phase extrême d’un processus dont la fin ne peut être prédite avec certitude, mais dont les conséquences, si la conscience des limites ne revient pas, pourraient être catastrophiques.”
No artigo “Um espectro assombra a Europa”, publicado no Ípsilon de 19-01-2024, António Guerreiro, comentando o texto anterior, afirma que na génese dos totalitarismos está uma identificação das massas com um chefe que, mesmo dizendo as mais estúpidas falsidades estará sempre certo, e acrescenta que os actuais populismos representam os mesmos perigos para a democracia que o fascismo, o nazismo e o estalinismo do séc. XX. Neste artigo pode ler-se: “Não há dúvida de que estamos a assistir, por todo o lado, a esse poder de mobilização das massas em torno de um chefe que designa um inimigo que é sempre estrangeiro (e estrangeiro não significa apenas imigrante, significa que transporta ideias estranhas em relação a uma tradição mitificada, por exemplo a “ideologia de género”). O chefe pode mentir ilimitadamente, sem que a denúncia pública dessas mentiras produza qualquer efeito de descredibilização porque para a massa que o apoia há uma verdade da mentira que prevalece e cuja mecânica é muito difícil de desmontar e invalidar”.
Estou convencido de que no subconsciente dos humanos existe alguma necessidade de seleccionar líderes Alfa, como noutros mamíferos.
A maioria das mentes não possui as características necessárias para uma existência continuada da democracia, que é portanto uma utopia. A democracia plena nunca existiu; até agora tivemos apenas arremedos frágeis e instáveis da democracia.
A Humanidade tem passado por muitas crises ao longo da sua história. No entanto, parece-me que nunca houve uma situação tão grave como a actual, porque a lista dos problemas mais graves é agora mais longa: aquecimento global e crise climática, crise energética, pobreza e fome, migrações, guerra e ameaça nuclear, pandemias, degradação dos oceanos, crises demográficas e faltas de mão-de-obra, crises na educação e na saúde, inteligência artificial e ciberterrorismo, desflorestação e consequentes alterações climáticas e extinção de espécies biológicas, populismos, falência da democracia, tráfico de seres humanos… Com tantos problemas e tão grandes divergências entre os países, parece-me impossível evitar o colapso das civilizações.
Muitos dizem saber explicar as crises mas não sabem resolvê-las. A inteligência dos homens não está à altura da ambição que causa muitas crises.
“Isto dá vontade de morrer.” (Alexandre Herculano)
“Our society is run by insane people for insane objectives. I think we’re being run by maniacs for maniacal ends and I think I’m liable to be put away as insane for expressing that. That’s what’s insane about it.” (John Lennon) Por vezes tenho a impressão de viver num mundo de doidos, numa Natureza enlouquecida pelo aquecimento global.
“Shakespeare tinha toda a razão quando disse: ‘Os loucos conduzem os cegos’. O problema é que estes perfazem a larguíssima maioria da população mundial.” (Eduardo Galeano, citado no blog “A Viagem dos Argonautas”)
“Devemos tomar consciência de que os direitos da Natureza e os direitos humanos, são dois nomes da mesma dignidade. E qualquer contradição é artificial.” (Eduardo Galeano)
“Somos a primeira geração a sentir o efeito das alterações climáticas e a última geração que pode fazer algo a esse respeito.” (Barack Obama) Mas ainda vamos a tempo?
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