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Populismo à Ventura, 2025-24

 Vivemos num mundo de líderes criminosos e/ou grotescos: Trump, Netanayhu, Putin, Bolsonaro, André Ventura, etc. Mas não devemos desanimar. Aqueles que se julgam mais espertos do que todos os outros acabam sempre por cometer algum erro fatal.

Nenhum político conseguirá resistir ao ridículo. Por isso, os humoristas democráticos devem concentrar-se nos disparates do André Ventura, que é a versão portuguesa do Trump. A sua arrogância, agressividade e desprezo por alguns cidadãos definem claramente o seu carácter anti-democrático.
Que direito tem o André Ventura de julgar-se um iluminado? Certamente a mesma que tem Trump e outros lunáticos do mesmo tipo.
Aqui vão algumas das suas tiradas mais imbecis.

Chegou a hora de o país deixar de ser um “receptáculo do que aconteceu no mundo” e passar a ser “o farol da Europa e do mundo”. (André Ventura, no discurso do 20.º Conselho Nacional do Chega, em 30-05-2025) Ele considera-se um génio capaz de mostrar o verdadeiro caminho à Europa e ao mundo!

“Não só acreditava como acredito que esta será a última, a última legislatura da nossa Terceira República.” (André Ventura, em 03-06-2025, na abertura da XVII legislatura, na Assembleia da República) Para ele, a Quarta República será certamente o 2.º Estado Novo. Depois não venham dizer que ele não avisou.
“Aqueles que roubaram o país nos últimos 50 anos vão ter de devolver tudo até ao último cêntimo!” (André Ventura, na mesma sessão da Assembleia da República)
Toda a intervenção de André Ventura pode ouvir-se no seguinte vídeo do Youtube:
2025 06 03 | Abertura da XVII Legislatura/ Eleição do Presidente da Assembleia da República.

A fúria que André Ventura põe nos seus discursos denota algum transtorno psicológico. Claramente, ele tem uma obsessão: sente-se um génio da política e por isso acha que deve chegar a primeiro-ministro para salvar a pátria. A próxima frase mostra bem isso.

“O CHEGA não é só a cura para Portugal, é a melhor terapia para as nossas vidas, um estímulo à nossa saúde, o renovar da fé. O CHEGA é muito mais do que um partido, é uma missão, uma religião.” (André Ventura)

Esta frase foi tirada do artigo “CHEGA - A cura para todas as maleitas”, de Guilherme Duarte (disponível no portal Sapo 24). No mesmo artigo pode ler-se:
“Quase toda a publicidade assenta no medo, mesmo a que parece assentar no sexo é apenas uma forma de nos meterem medo de não sermos bonitos ou sexys o suficiente se não consumirmos um determinado produto. As vendas das curas duvidosas assentam ainda mais no medo, motivo pelo qual a maioria dos programas de manhã ou tarde têm um Hernâni Carvalho a meter medo às pessoas, para depois ser mais fácil vender-lhes Calcitrin ou o Cogumelo do Tempo, isto enquanto ligam para o 760 porque têm medo de não ter dinheiro suficiente.
Para mim faz todo o sentido esta associação às curas alternativas e desprovidas de provas científicas porque só alguém muito ingénuo e desinformado acredita que o Chega pode curar alguma coisa. O Chega é a homeopatia da política com a diferença que a homeopatia não faz bem nem mal, é inócua.”

Eu nunca votaria num partido com um nome tão estúpido como Chega. O nome de um partido político deverá sempre identificar uma ideologia. Uma vez que a ideia forte do Chega é a corrupção, um nome melhor seria “Partido Anti-corrupção”.

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