Avançar para o conteúdo principal

Telepatia, 2025-27

Na série “Para Além do Cérebro”, exibida pela RTP1, o 2.º episódio é dedicado à telepatia. Telepatia é transmissão de pensamento entre seres humanos distantes um do outro, por interligação directa entre as suas mentes. Exemplo apresentado naquele episódio: um de nós recorda um amigo que já não vê há algum tempo e logo a seguir o telefone toca, e é esse amigo que nos está a ligar. Outro exemplo: uma senhora mãe, de repente, começa a ficar ansiosa porque sente que o filho pode não estar bem e nas horas seguintes fica a saber que o filho caiu na escola e teve de ser socorrido e levar uns pontos, e percebe que foi exactamente no momento em que ela se sentia ansiosa.

Parece que quando há um laço afectivo forte entre as pessoas a comunicação telepática é mais fácil. Mas mesmo nestes casos não é possível provar que tudo não passa de coincidência. Por isso foram realizados ensaios laboratoriais em que os cérebros emissor e receptor são analisados por máquinas fMRI. Os resultados obtidos indicam uma elevada probabilidade de haver uma comunicação directa entre as mentes. Uma explicação possível é que a interligação seja devida às ondas electromagnéticas emitidas pelos cérebros. Mas esta explicação foi descartada porque os resultados se mantêm quando as pessoas estão em salas electricamente isoladas, de modo que as ondas electromagnéticas não possam passar de uma sala para a outra. Verifica-se também que os resultados não dependem da distância entre as pessoas, ao contrário do que se passa com as ondas electromagnéticas, cuja intensidade se atenua com a distância.

Os resultados dos referidos ensaios sugerem que a consciência tem uma propriedade de não-localidade semelhante à observada nos fenómenos de entrelaçamento quântico. Nestes fenómenos, a interligação entre duas partículas elementares pode permanecer activa mesmo quando elas estão muito afastadas uma da outra. Análogamente, na telepatia, a ligação afectiva entre duas pessoas poderá produzir efeitos imediatos qualquer que seja a distância entre elas, como se existisse um elo invisível entre essas pessoas. Admitindo que a mente é uma manifestação da Consciência Cósmica (ou Espírito Universal) e que, portanto, todas as consciências estão interligadas fora do espaço-tempo, os fenómenos de telepatia são fáceis de compreender.

Também têm sido estudados fenómenos de telepatia entre seres humanos e animais. Um amigo meu contou-me que o seu cão mostrou uma grande agitação quando a esposa dele estava falecendo num hospital.

Sobre este assunto, ver o seguinte vídeo do Youtube: “Controversial Scientist Explains Telepathy - Rupert Sheldrake”.
Neste vídeo, Sheldrake defende a “Extended mind theory”, segundo a qual as nossas mentes não estão apenas dentro dos nossos cérebros, que é a visão científica padrão. A teoria materialista da mente é que a matéria é a única realidade e a mente é produzida pela matéria dentro do cérebro, e que portanto tudo o que se pensa e experimenta está dentro da cabeça. A “Teoria da mente estendida”, que Sheldrake e várias outras pessoas propõem, é que as nossas mentes se estendem invisivelmente para além dos nossos cérebros, tal como os campos gravitacional e magnético da Terra se estendem para além da superfície terrestre.

Rupert Sheldrake usa a noção de “campo mórfico” para explicar vários enigmas da biologia, nomeadamente a mente estendida, as ligações existentes entre um animal de companhia e o seu dono ausente (cuja chegada pode ser pressentida pelo animal muito tempo antes) ou entre os pombos-correios e o pombal. Por exemplo, Sheldrake supõe que um cão e o seu dono estão interligados por um campo mórfico através do qual o comportamento do dono afecta o cão. “Campo mórfico” parece-me ser outro nome para a Consciência Cósmica no âmbito da biologia (vide post 2022-15). Sobre este assunto ver o vídeo do Youtube “Nature's Hidden Intelligence: Morphic Fields”.
No post 2025-26 é afirmado que vivemos num mundo mental, mas este mundo existe nas mentes estendidas, que são muito mais extensas do que os nossos corpos.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

A verdadeira religião, 2025-12

 A verdadeira crença em Deus determina uma necessidade permanente de partilhar as boas emoções. Algumas pessoas são crentes por natureza. “Muito do que foi chamado religião carrega uma atitude inconsciente de hostilidade em relação à vida. A verdadeira religião deve ensinar que a vida está cheia de alegrias agradáveis aos olhos de Deus, que o conhecimento sem acção é vazio. Todos os homens devem ver que o ensino da religião por regras e rotina é em grande parte uma farsa. O ensino adequado é reconhecido com facilidade. Pode conhecê-lo sem falhar porque desperta dentro de si aquela sensação que lhe diz que isto é algo que sempre soube.” (Frank Herbert) “Quando a religião e a política viajam na mesma carroça, os condutores acreditam que podem afastar tudo do caminho.” (Frank Herbert) Veja-se o regime teocrático do Irão. Actualmente vemos governantes cometer as piores atrocidades, e ao mesmo tempo a apelar à religiosidade do povo e a invocar Deus com frequência. Estes safados e hipócr...

Metáforas e mitos, 2024-58

Uma metáfora é uma figura de estilo que visa esclarecer, por meio de palavras e/ou imagens, uma realidade que não podemos conhecer completamente. Mas este esclarecimento só convence aqueles que partilham do ponto de vista do autor da metáfora.   As metáforas são muito úteis para explicar tópicos complexos em termos simples e familiares. Mas uma metáfora elucida apenas um aspecto de uma questão, sem dar uma explicação completa. Uma vez que a “coisa em si” (realidade absoluta) é incognoscível, muito do conhecimento humano é metafórico e é portanto, em larga medida, uma construção da mente. Assim, podemos compreender a seguinte frase de Pierre Bourdieu: “The mind is a metaphor of the world of objects”. O que dizemos é uma metáfora do que sentimos. Dado que o invisível não pode definir-se, uma metáfora não é uma definição. Uma metáfora tenta explicar o inefável através de ideias que sabemos definir. Exemplos de metáforas: “O amor é fogo que arde sem se ver” (Camões); Deus é o...

Poder absoluto, 2025-10

  A teologia diz que Deus é amor e que é todo-poderoso. Estes dois atributos parecem-me algo contraditórios porque o poder esmaga mas o amor acaricia. A ideia de Deus construída pelo homem é contraditória porque a mente humana também o é. O homem aspira a ser poderoso e por isso concebe um Deus todo-poderoso. Mas deve ter-se em conta que ao pedir ajuda a Deus estamos a admitir que Ele não é responsável por aquilo que nos acontece. “O poder tende a corromper, e o poder absoluto corrompe absolutamente.” (Lord Acton) Por isso a democracia é incompatível com o poder absoluto. No artigo “Frank Herbert’s Amazing ‘Dune’ Quote”, de Jonathan Miltimore (disponível da Internet), encontrei um pensamento mais convincente do que o anterior: "Todos os governos sofrem de um problema recorrente: o poder atrai personalidades patológicas. Não é que o poder corrompa, mas é magnético para o corruptível. Estas pessoas têm tendência a embriagar-se com a violência, uma condição na qual se t...