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Pessoas ou cães, 2025-33

 Em 22-07-2025 o jornal Observador noticiava o seguinte.
O secretário-geral da ONU denunciou esta terça-feira (22-07-2025) o “horror que se vive” em Gaza, onde a ofensiva do Exército israelita já fez mais de 59.000 mortos entre a população palestiniana.
Perante o Conselho de Segurança da ONU, António Guterres referiu o “total desrespeito pelo direito internacional”, sem “qualquer responsabilização”, numa altura de “crescentes divisões e conflitos geopolíticos”. “Basta olhar para o horror que se está a desenrolar em Gaza, com um nível de morte e destruição sem precedentes nos últimos tempos. A subnutrição está a disparar. A fome bate a todas as portas. E agora estamos a assistir ao último suspiro de um sistema humanitário construído com base em princípios humanitários”, denunciou.

No site pt.euronews.com, com data de 17-07-2025, pode ler-se:
Falando perante o Conselho de Segurança da ONU, a directora executiva da UNICEF, Catherine Russell, disse que o milhão de crianças de Gaza tem enfrentado um imenso sofrimento. De acordo com Catherine Russell, estas crianças irão enfrentar impactos ao longo da vida.
“Nos últimos 21 meses de guerra, mais de 17.000 crianças foram mortas e 33.000 ficaram feridas em Gaza. Uma média de 28 crianças foram mortas por dia, o equivalente a uma sala de aula inteira”, disse.
“Pensem nisto por um momento: uma sala de aula inteira de crianças mortas todos os dias durante quase dois anos. Estas crianças não são combatentes – estão a ser mortas e mutiladas enquanto fazem fila para receber alimentos e medicamentos que lhes salvam a vida.”

Mas também vemos alguns sinais de esperança. No site RTP Notícias, com data de 23-07-2025, pode ler-se:
A contínua ofensiva israelita na Faixa de Gaza, com as consequentes mortes de civis, tem motivado um coro de protestos por parte do mundo artístico. Músicos, actores e cineastas têm assumido posições críticas contra o Governo israelita pelo desrespeito dos Direitos Humanos. 
Entre os casos mais recentes está o do realizador português Pedro Pinho, que recusou um convite para apresentar um filme no Festival de Cinema de Jerusalém. Ou a criação de uma aliança de músicos, por iniciativa da banda britânica Massive Attack.

No site RTP Notícias, com data de 24-07-2025, pode ler-se:
“Corpos esqueléticos de crianças são o cenário em Gaza, onde cada vez mais menores dão entrada nos hospitais, devido à fome. 
Só nos últimos dias, mais de uma centena de pessoas morreram por falta de alimentos.
Ouvido pelo jornalista Luís Peixoto, o médico Nelson Olim, especialista em cenário de catástrofes humanitárias, admite que nunca assistiu a nada tão grave como o que se está a passar atualmente na Faixa de Gaza. Nelson Olim critica o Governo israelita de Benjamin Netanyahu por bloquear a entrada de ajuda humanitária na Faixa de Gaza.”

Em 25-07-2025, em entrevista à RTP Notícias, Jorge Moreira da Silva, subsecretário-geral das Nações Unidas, frisou que a fome galopante no território palestiniano decorre da “falta deliberada de vontade política de Israel”. Nas palavras de Jorge Moreira da Silva, “estamos perante uma violação clara do Direito Internacional humanitário”.
“O que está em causa é a falta deliberada de vontade política de Israel para permitir que as Nações Unidas possam trabalhar. Nós só precisamos que nos deixem trabalhar”, disse Jorge Moreira da Silva.
“Aquilo a que assistimos em Gaza é algo inimaginável e sem precedentes”, disse, salientando que “mesmo sem um cessar-fogo, é possível entregar ajuda humanitária”.
“Nunca imaginei que fosse possível assistir à clara violação das regras que, mesmo em guerras, são obrigatórias que ocorram”, sublinhou o responsável, que acusa Israel de estar a utilizar a distribuição de alimentos para “deslocamentos forçados”.
Há relatos quase diários de palestinianos mortos enquanto procuravam ajuda. Estima-se que tenham morrido mais de 850 pessoas que esperavam em filas por comida.
Na mesma data morreu mais uma criança à fome em Gaza. São agora 115 os palestinianos mortos por falta de comida no enclave palestiniano, a maioria menores de idade.

No podcast “Um dia no mundo”, de 25-07-2025, o jornalista Francisco Sena Santos afirmou o seguinte: “Torna-se evidente que está em curso um plano do governo de Israel para atirar os palestinianos para fora de Gaza. Desespera-os com fome e está a concentrá-los junto à fronteira com o Sinai egípcio. Por mais que o Egipto venha a recusar, Israel quer empurrá-los para lá.”

Foi à procura da foto que pudesse parar a guerra em Gaza que Samar Abu Elouf venceu a World Press Photo deste ano. A exposição está agora em Portimão e em entrevista à RTP a fotojornalista falou do desespero de ver a família a morrer à fome e nada poder fazer. A foto vencedora mostra um menino de 9 anos que ao ficar sem braços perguntou à mãe como é a que a poderia abraçar agora. A entrevista da RTP termina com a seguinte pergunta de Samar: “o que é que o mundo precisa de ver mais para ajudar o povo palestiniano?”

Estamos perante a suprema humilhação infligida por Israel sobre os palestinianos, que são tratados pior do que os cães. E a Europa continua a assobiar para o lado, por estar nas mãos dos usurários sionistas ou por ter medo de irritar Trump. A Europa arrisca-se a perder toda a sua autoridade moral.
Já não restam palavras para descrever o que se passa actualmente em Gaza. Agora são necessárias acções fortes para parar o genocídio.

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