Avançar para o conteúdo principal

Supraconsciência e paraíso, 2025-32

Apresento a seguir um resumo da entrevista que o Dr. Manuel Sans Segarra deu à CNN Portugal em Junho de 2025.
O Dr. Sans Segarra é médico e autor do livro “A Supraconsciência Existe – Vida depois da Vida”. O estudo das experiências de quase morte permitiu-lhe demonstrar que existe vida após a morte física. Durante essas experiências, os pacientes contactam com uma entidade, a que dá o nome de supraconsciência, que segundo ele constitui a nossa identidade autêntica. A morte física é o fim da consciência local ou neuronal. Mas acima desta consciência está a supraconsciência, que perdura após a morte física.

“Pude comprovar que uma experiência de quase morte é totalmente diferente de uma alucinação. É outra coisa.”

Todo o ser vivo tem consciência mas existem muitos graus de consciência. “E o máximo é a supraconsciência, que é a que o ser humano tem, e essa supraconsciência actua quando há um desenvolvimento [cerebral] suficiente”.

“Temos sempre a supraconsciência, mas ela está coberta ou oculta pelo ego, que é a falsa identidade da pessoa. E o objetivo da nossa vida é precisamente descobrir a supraconsciência. E quando a descobrimos, é quando chegamos à grande perfeição, à santidade, à budeidade.”

Uma das maneiras de contactar a supraconsciência é a experiência de quase morte. “Mas [também podemos contactá-la] com meditação, meditando corretamente, com um método correcto, com um mestre que lhe ensine como se faz. É preciso tempo, mas digo-lhe por experiência própria que é possível entrar em contacto com a sua supraconsciência. E, quando isso acontece, a sua vida muda.”

“Acompanhei os meus pacientes que tiveram uma experiência de quase morte durante anos. Vi o impacto que isso teve nessas pessoas. Sentem-se muito incompreendidos. Não conseguem explicar porque não os compreendem. Em segundo lugar, perdem completamente o medo da morte. Já não lhes causa medo. Dizem: ‘Doutor, se chegar a uma situação final, tire-me a dor. Mas a morte não me assusta. Sei que vou para outro lugar’. Sabem que depois da vida entram em contacto com os seus entes queridos. A vida continua noutra dimensão, a morte não é o fim da nossa existência, é uma passagem para outra dimensão, para uma vida noutra dimensão energética.
Tornam-se muito intuitivos. A intuição é uma precognição, sabem o que vai acontecer amanhã. Porque quando estão na outra etapa, só existe um tempo, o presente, o agora. Tudo é agora, o que aconteceu, o agora e o que virá. Tornam-se pessoas muito boas, regem-se por arquétipos de bondade. Controlam o ego facilmente. Tornam-se empáticos, altruístas, bondosos, justos, amorosos.
O material não lhes interessa. É preciso ter o material para viver, mas já não é um objectivo, é um meio para viver. Já não é o mais importante.
E tornam-se muito espirituais, mas perdem o interesse pela religião, porque a religião é muito dogmática e eles querem evidências, querem que lhes mostrem coisas.
Sabe o que o Papa Francisco me disse? Ele disse: “sei que você enche teatros com 2.000 e 2.500 pessoas e as igrejas estão vazias. E você diz o mesmo que a religião diz, que existe um Deus e que esse Deus se manifesta em cada um de nós com a supraconsciência. Se você diz o mesmo, como é que você consegue?”
Respondi ao Papa que faço isso cientificamente e as pessoas querem evidências, provas. E a religião não faz isso. Na religião é preciso acreditar porque é o que diz a igreja, o dogma, e as pessoas não querem isso.
As pessoas tornam-se mais espirituais pela necessidade de terem a certeza de que têm Deus dentro delas e que têm de voltar com Deus à sua origem. Têm isso muito claro e isso condiciona-as a uma dinâmica vital de bondade, de amor.
O que tem de mudar o mundo para melhor não são os políticos, nem os poderes factuais, nem os egos. Será quando se descobrir que há pessoas suficientes que conhecem a sua supraconsciência.”

“O ego sufoca a supraconsciência. O ego tem uma origem material, externa. Depende da matéria, do cérebro. É a identidade da consciência local ou neuronal. É a isso que chamamos ego. Todos os medos que o ser humano tem, por mais banal, por mais insignificante que seja, são provocados pelo ego. O ego tem medo porque sabe que a morte é o fim da sua existência.
Como depende da matéria, com a morte [o ego] desintegra-se. Os neurónios morrem, deixamos de pensar, deixamos de existir materialmente. Então o ego desaparece. É por isso que tem medo. Todo o medo é provocado pelo ego.
E, no fundo, todo o medo é medo da morte. Porque sabe que com a morte o ego desaparece.”

“Com a meditação que pratico há anos, entro em contacto com a supraconsciência. Nos momentos profundos, entro em contacto com ela. E nota-se. Sabe como se nota? Da mesma forma que os meus doentes o notam na experiência de quase morte. Quando entro em contacto com a minha supraconsciência, o mundo abre-se. Vejo que sou o universo, que estou unido a tudo, que faço parte de tudo, que estou unido com amor a tudo. E vejo a divindade em tudo. Uma rosa, um pôr-do-sol…vejo a essência das coisas.”

À questão: “Diz que a supraconsciência nos torna mais empáticos, nos traz mais amor. Mas se a supraconsciência nos traz mais empatia e amor, então deveria ser fácil sermos pessoas boas”, o Dr. Sans Segarra respondeu:

“Deve ser fácil e é fácil. O que acontece é que a supraconsciência tem um inimigo terrível, com uma força imensa, que é o ego.  O ego procura por todos os meios encobrir, impedir que a supraconsciência aflore, porque quanto mais presente estiver a supraconsciência, mais afastado e controlado fica o ego. E o ego quer desenvolver os seus objectivos. E quais são os seus objectivos? O egoísmo, a afeição pelo material, o poder, a riqueza. Tudo isso a supraconsciência não deixa fazer, então o ego tem armas para encobrir, frear, impedir que a supraconsciência apareça. Somos inimigos de nós mesmos, pois temos duas identidades e uma delas é nossa inimiga. Esse é o objetivo da vida: controlar esse inimigo para que a outra identidade venha à tona.
No dia em que no universo, no nosso planeta, todos conheçamos a respectiva supraconsciência, a Terra será o Céu. Não haverá maldade nem desigualdades. Chegaremos a um momento em que seremos todos santos.
Acredito que esta é a evolução do nosso planeta. O nosso planeta ainda está pouco evoluído, mas já há almas muito desenvolvidas. E, pouco a pouco, isto irá evoluir. E quando chegarmos ao máximo, será o Céu. Então, não terá sentido esta dimensão humana.
Vivemos na dimensão humana para descobrir a nossa supraconsciência. Quando todos a tiverem descoberto, viver na Terra em dimensão humana já não terá sentido. Não haverá guerras. Isto já será o Céu.”
À questão “É fácil gostar do cenário que descreve, mas custa acreditar que estamos a caminhar nessa direção”, o Dr. Sans Segarra respondeu:
“Garanto-lhe que será assim.
Tive uma formação católica, cristã. Mas depois houve um momento em que me afastei. Não estava contra. Tinha os princípios e valores que me inculcaram os meus pais e ser-lhes-ei grato toda a vida. São valores de bondade, de empatia, de ajudar as pessoas, não roubar, ser uma boa pessoa. Mas afastei-me de todos os dogmas religiosos porque não lhes vejo sentido.
A uma pessoa que me diga: não acredito na Igreja, na religião, eu digo: mas a sua finalidade não é acreditar na religião. A religião tem de ser tomada como um meio que ajude a descobrir a sua identidade autêntica, que é a espiritualidade. A espiritualidade é olhar para o seu interior e ver que tem Deus dentro de si.”

“O mundo mudará. Tardará, mas mudará. Já não será no nosso tempo. Já não estaremos cá, mas mudará. Tardará. Custará. Mas mudará. Ainda tem de morrer muita gente e ainda serão feitas muitas barbaridades antes que mude. Mas mudará.
O primeiro grande inimigo para contactar com a sua supraconsciência é a ignorância. É não saber as coisas. Tem de se lutar contra a ignorância. Há muita bibliografia, muitos livros, leiam-nos.
E no momento que virem que há muitas provas científicas e objectivas de que há algo além do material, este é o momento em que se controla a ignorância. Aí meditem e comecem com um bom curso de meditação.”

O Dr. Sans Segarra tem vários vídeos no Youtube que podem encontrar-se googlando dr manuel sans segarra/videos. Três dos melhores são os seguintes:
Dr. Manuel Sans Segarra: “Hay vida después de la Muerte y lo he visto”
Budismo y Ciencia dicen lo mismo?
La MEDICINA ya Acepta la Existencia de una Conciencia Fuera del Cerebro: La SUPRACONCIENCIA

Em minha opinião, a Supraconsciência do Dr. Sans Segarra ou é uma manifestação da Consciência Cósmica ou coincide com esta. No terceiro dos vídeos anteriores é referida a hipótese de que os seres humanos compartilham uma consciência única. De acordo com Eben Alexander, que neste vídeo dialoga com Sans Segarra, a consciência é uma componente fundamental do Universo. O biólogo Rupert Sheldrake pensa o mesmo (vide post 2025-27).

O Dr. Sans Segarra é um santo e um profeta. Mas, mesmo que o paraíso que ele anuncia seja realizável, parece-me muito provável que a extinção da Humanidade ocorrerá antes. E as barbaridades que continuam a ocorrer só nos permitem desejar que esta extinção ocorra quanto antes.

“Se queres saber se Deus existe, não procures provas, mas experiências.” (Miguel Oliveira Panão, vide post 2025-19)

O mundo é caótico e a consciência tenta pôr ordem no caos. Por isso a história da Humanidade é vista pelos seres humanos como uma luta permanente entre o bem e o mal. À origem do bem alguns chamam Deus e à origem do mal chamam diabo. Mas o bem pode não ser mais do que aquilo que favorece os seres humanos e o mal pode não ser mais do que aquilo que os prejudica.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

A verdadeira religião, 2025-12

 A verdadeira crença em Deus determina uma necessidade permanente de partilhar as boas emoções. Algumas pessoas são crentes por natureza. “Muito do que foi chamado religião carrega uma atitude inconsciente de hostilidade em relação à vida. A verdadeira religião deve ensinar que a vida está cheia de alegrias agradáveis aos olhos de Deus, que o conhecimento sem acção é vazio. Todos os homens devem ver que o ensino da religião por regras e rotina é em grande parte uma farsa. O ensino adequado é reconhecido com facilidade. Pode conhecê-lo sem falhar porque desperta dentro de si aquela sensação que lhe diz que isto é algo que sempre soube.” (Frank Herbert) “Quando a religião e a política viajam na mesma carroça, os condutores acreditam que podem afastar tudo do caminho.” (Frank Herbert) Veja-se o regime teocrático do Irão. Actualmente vemos governantes cometer as piores atrocidades, e ao mesmo tempo a apelar à religiosidade do povo e a invocar Deus com frequência. Estes safados e hipócr...

Metáforas e mitos, 2024-58

Uma metáfora é uma figura de estilo que visa esclarecer, por meio de palavras e/ou imagens, uma realidade que não podemos conhecer completamente. Mas este esclarecimento só convence aqueles que partilham do ponto de vista do autor da metáfora.   As metáforas são muito úteis para explicar tópicos complexos em termos simples e familiares. Mas uma metáfora elucida apenas um aspecto de uma questão, sem dar uma explicação completa. Uma vez que a “coisa em si” (realidade absoluta) é incognoscível, muito do conhecimento humano é metafórico e é portanto, em larga medida, uma construção da mente. Assim, podemos compreender a seguinte frase de Pierre Bourdieu: “The mind is a metaphor of the world of objects”. O que dizemos é uma metáfora do que sentimos. Dado que o invisível não pode definir-se, uma metáfora não é uma definição. Uma metáfora tenta explicar o inefável através de ideias que sabemos definir. Exemplos de metáforas: “O amor é fogo que arde sem se ver” (Camões); Deus é o...

Poder absoluto, 2025-10

  A teologia diz que Deus é amor e que é todo-poderoso. Estes dois atributos parecem-me algo contraditórios porque o poder esmaga mas o amor acaricia. A ideia de Deus construída pelo homem é contraditória porque a mente humana também o é. O homem aspira a ser poderoso e por isso concebe um Deus todo-poderoso. Mas deve ter-se em conta que ao pedir ajuda a Deus estamos a admitir que Ele não é responsável por aquilo que nos acontece. “O poder tende a corromper, e o poder absoluto corrompe absolutamente.” (Lord Acton) Por isso a democracia é incompatível com o poder absoluto. No artigo “Frank Herbert’s Amazing ‘Dune’ Quote”, de Jonathan Miltimore (disponível da Internet), encontrei um pensamento mais convincente do que o anterior: "Todos os governos sofrem de um problema recorrente: o poder atrai personalidades patológicas. Não é que o poder corrompa, mas é magnético para o corruptível. Estas pessoas têm tendência a embriagar-se com a violência, uma condição na qual se t...