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A origem de tudo, 2025-40

No vídeo do Youtube intitulado “O Universo a partir do Nada - Lawrence Krauss” (legendado em português), o físico Lawrence Krauss postula que o Universo poderia ter surgido do “vácuo quântico”, que não é verdadeiramente “nada”, mas um oceano de energia flutuante onde as partículas são constantemente criadas e aniquiladas. Ele defende que esta é a explicação mais fundamentada cientificamente para o porquê de existir algo em vez de nada. O físico Edward Tryon defende a mesma ideia, como pode ler-se na sua página da Wikipedia. No entanto, ao vácuo quântico estão associadas as leis da Mecânica Quântica, sendo portanto muito abusivo chamar-lhe “nada”.
O vácuo quântico, a partir do qual tudo pode ser gerado, é talvez o mesmo que a Consciência Universal de Bernardo Kastrup. Mas Kastrup, ao contrário de Krauss, não se considera um ateu (vide post 2025-36).
Definir Deus é fácil: Deus é a origem de tudo o que existe. Nada mais pode ser dito sobre Deus, isto é, Deus é absolutamente incognoscível. Por isso, qualquer religião é necessariamente uma colecção de mitos. Em face da anterior definição de Deus, ninguém pode considerar-se ateu.
“Há uma única religião, embora haja centenas de versões da mesma.” (George Bernard Shaw)
Morrer é retornar à fonte eterna donde saímos, ou seja, Deus. Esta fonte é claramente inteligente mas, em face do sofrimento a que a Humanidade tem sido sujeita, temos de concluir que a sua inteligência é insensível. Além disso opera por tentativas, tal como o homem, que é simplesmente uma dessas tentativas. Se o Universo tem alguma finalidade, ela é totalmente inescrutável. Mas esta finalidade não é certamente a existência de um ser tão absurdo como o homem.
“The universe may be just one of those things that happen from time to time.” (Edward Tryon)
“Our intuition is based on our experiences in the macroscopic world. There is no reason to expect our intuition to be valid for microscopic phenomena.” (Hans Bethe)

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